quarta-feira, 1 de junho de 2011

Trocas

Andando pela rua, em plena sete da tarde de um mês de outubro, Navi estava sozinho... Quantas vezes ele já não havia andando naquela mesma rua, na rua em que uma vez ele a avistou. Nada sabia sobre ela, apenas se lembrava de sua linda face, com seus grandes olhos castanhos, de seus longos cabelos soltos ao vento e de sua mochila azul que carregava nas costas... Para onde ela iria? Por que ele nunca mais a vera? Ele não sabia responder. Apenas tornava a andar por aquela mesma rua, pequena geodésica em nosso planeta... Se sentia insignificante ao mirar as estrelas que iam nascendo. Pequenos pontos brilhantes girando ao redor da Terra.
Navi se tornou um cara esbelto, de tanto andar...
Chegou um momento em que ele esqueceu o motivo pelo qual andava, mas algo dentro dele fazia com que ele continuasse, que nunca parasse de ir naquela mesma rua, naquele mesmo lugar em que seus olhos uma vez se cruzaram.
Aprendeu astronomia, para passar o tempo olhando as estrelas naquela rua que lhe causava um sensação tão boa enquanto caminhava. Aprendeu a reconhecer Sírius, Canopus, Alfa Centauro, Antares, Spica, Arcturus... Elas sempre estavam lá, elas faziam companhia para ele em suas solitárias tardes.
Um dia arranjou uma bicicleta e desistiu do céu. Para pedalar ele não podia olhar para cima, sempre olhava em frente.
Um dia, num momento, de distração ele resolveu olhar para o céu, ver suas velhas amigas, sem perceber que enfrente vinha uma estrela de magnitude -10 ao seu encontro.
Quebrou pernas e braços, nunca sentira tanta dor em sua vida... Esparramado no chão em meio a pele e sangue ele olhou para cima e viu os grandes olhos castanhos da menina que saiu de dentro do carro olhar de encontro ao seu, olhos que sempre o observaram enquanto ele caminhava, enquanto ele olhava as estrelas, sempre desejando que voltasse a se encontrar com os dela. Olhos que ele nunca encontrara devido ao escuro vidro do carro...
Ao ver aqueles pequenos olhos perderem o brilho ela não soube o que fazer. Nunca soube que os dela foram a causa daquilo.
Melhor que nunca venha a saber.

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